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sábado, 15 de dezembro de 2012

Se eu sair, o terreiro fecha!

Esse é um texto do Pai Rodrigo Queiroz e tem circulado na internet. Muitos de vocês já devem ter lido, mas devido a importância de seu conteúdo, postarei novamente aqui no blog.

Abraços a todos

Saravá



Se eu sair, o Terreiro Fecha!
Por Rodrigo Queiroz

É comum que depois de algum tempo que uma pessoa está num terreiro, mesmo que em pleno desenvolvimento mediúnico, ela pense que é insubstituível. Isso é muito comum. O indivíduo tem a sensação clara de que se ela deixar o terreiro, o mesmo não sobreviverá, não conseguirá dar continuidade aos atendimentos e/ou coisa parecida. Ela começa a se achar vítima do sacerdote, dos médiuns mais antigos, dos seus irmãos de fé e até da consulência. Ela começa a ter um desejo inconsciente de "punir o terreiro" através da sua saída, pois ela terá a certeza que todos virão de joelhos implorar a sua volta.

Sei de pessoas que ficaram totalmente decepcionadas e mesmo depressivas ao verem que o terreiro em que eram membros sobreviveu à sua saída e que alguns meses depois nem se lembravam mais dela. Geralmente essas pessoas começam a falar muito mal do terreiro, do sacerdote e até mesmo inventam boatos dizendo que o terreiro está com problemas espirituais, administrativos, de moralidade ou outros quaisquer e por isso ela o deixou.

Conheço pessoas que ao deixar seus terreiros comentaram ter absoluta certeza de que seus "ex-sacerdotes" viriam correndo oferecendo um "cargo" ou alguma regalia para que voltassem. Um homem que conheci, não aceitou o convite de frequentar a corrente mediúnica de outro terreiro dizendo estar aguardando o telefonema do sacerdote pedindo sua volta. Eles não conseguirão sobreviver sem mim, afirmou ele.


Meses depois, ele não frequentava nenhum lugar ainda, outros do tipo abrem seus próprios terreiros...

Quero deixar claro que esse sentimento de ser insubstituível é natural em muitas pessoas, pois elas realmente são pessoas-chave para os terreiros em que frequentam. De fato, seus sacerdotes sentirão muito a sua saída. De fato elas farão falta. Mas cuidado para não cair nessa armadilha.

Da mesma forma e com a mesma gravidade, conheço sacerdotes que acreditam que os médiuns e membros do terreiro jamais deixarão sua corrente mediúnica e dizem: "ele não encontrará terreiro igual a este" ou ainda "ninguém o aceitará e ele voltará de joelhos pedindo para ser aceito".

Os dois lados se enganam. A verdade é que nem membros, nem sacerdotes são insubstituíveis e é preciso ter muita humildade, calma, paciência e, principalmente, muito equilíbrio para entender essa verdade.


Reflita sobre isso!

(texto adaptado do original "Se eu sair, minha empresa fecha" de Luis Marins)

sábado, 24 de novembro de 2012

Morrer e nascer muitas vezes na Umbanda

  1. Por Alexandre Cumino


    O mundo ocidental, essencialmente capitalista, molda a mentalidade do homem moderno e sua forma de ver o mundo, no qual tudo está aí para ser consumido. E muitos chegam ou procuram a Umbanda com esta mesma mentalidade.

    “Tipo assim”... sabe...:
    Nº 1: Limpeza espiritual
    e corta demanda.
    Nº 2 Orientação e Prosperidade.
    Nº 3 Abre Caminho e Sorte no Amor.


    Se puder falar o quanto custa, me¬lhor! Sem comprometimento, sem envolvi¬mento, sem doutrina ou reflexão.

    Muitos chegam assim na Umbanda, e outros, “umbandistas”, saem da Umbanda quando crêem que está “demorando muito” para receber Nº 1, o Nº 2 ou o Nº 3.

    Alguns, quando percebem que a Umbanda não os servirá em seus propósitos de desavença, vingança, amarrações e outros “trabalhinhos”, facilmente encontrados nos classificados “marronzinhos” ou nos postes, que prometem sorte, dinheiro, amor e poder em 24 hs.
    O curioso é que, muitas vezes, nem as pessoas que oferecem tais coisas as possuem. Como oferecer algo que não se tem, como dar o que não pode ser possuído, comprar o que afinal? Dinheiro só compra dinheiro na bolsa de valores, dinheiro só compra amor na obra de Nelson Rodrigues, dinheiro só compra espiritualidade superficial para agradar o ego... o ego espiritual.

    No caso da Umbanda podemos e devemos dizer o que ela tem para dar: HUMILDADE, AMOR e CARIDADE. Como caminho para PAZ, HARMONIA e EQUILÍBRIO  conquistados na busca em dar um sentido para a vida que é em si a leitura da mesma de uma perspectiva espiritual, mágica e divina. Para tal é preciso disciplina, doutrina e muita vontade de aprender, morrer e nascer outra vez, muitas vezes.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Ensinamentos da Caboclinha Ynajara


Em um dia de gira fechada, só para os médiuns da casa, a caboclinha Ynajara nos presenteou com sua presença e belos ensinamentos.
Solicitou aos médiuns que ficassem um atrás do outro, formando uma fila e colocassem as mãos no ombro do irmão que estivesse na frente.
Então, a caboclinha disse:
"Filhos, imaginem agora que vocês dentro de um barco que está no mar"
E, segurando o primeiro médium da fila, o levava para um lado e para o outro. Consequentemente, toda a fila seguia o movimento. Continuou:
-Vem uma onda e leva o barco para um lado e depois para o outro... Vocês, filhos, aqui nesta casa, estão todos juntos, assim como se estivessem em um barco... para onde um vai, todos vão. Por isso é preciso ter paciência, esperar por aqueles que vão mais devagar, pois todos precisam estar juntos para que o barco siga na mesma direção.
Imaginem que vocês estão com remos nas mãos para conduzir este barco.
Tem filho que rema mais forte, tem filho que rema mais devagar e tem filho que não rema. Todos fazem parte desta família e todos devem remar no mesmo compasso, se não, o barco não sai do lugar.
Se um rema para um lado e outro rema para o outro, para onde vai o barco?
Por isso também é preciso que todos remem na mesma direção.
É preciso que cada um abra o seu coração, o inunde com o amor divino de mamãe Yemanjá e olhe para o seu irmão como sendo parte de você. As diferenças existem, mas devem ser superadas, para que o barco possa ser conduzido e chegue ao seu destino.
O destino deste barco meus filhos, é lá em alto mar, na morada de Nossa Mãe. E quando lá chegarem, vocês sentirão os braços da Mãe Divina envolvendo a cada um com tanto amor,fazendo com que vocês sintam tanta calma e tanta alegria que nunca mais irão querer deixá-la"

Quando a caboclinha encerrou, ao fechar os olhos podíamos até sentir o cheiro da brisa do mar.



terça-feira, 13 de novembro de 2012

A água



A água é verdadeira fonte de vida e vida com abundância. Com o ar, ela forma o conjunto de elementos essenciais para a nossa existência.Alguns poucos seres sobrevivem em meios sem ar (anaeróbios), mas nenhum vive sem água. Sabemos que a maioria dos animais, e entre eles o homem, são gerados e desenvolvem seus primeiros meses de vida mergulhadas em água, na bolsa gestacional das suas futuras mães. As plantas necessitam de água para germinar suas sementes, crescer e frutificar durante toda a sua existência. O próprio corpo humano é constituído por água em sua maior parte. A água serve para nos purificar, embelezar, higienizar, refrescar, reanimar e saciar a nossa sede.
De acordo com a concepção Hindu, as águas são femininas. São o aspecto procriador e maternal do absoluto e o lótus cósmico é o seu órgão gerador. Na Umbanda sagrada, a água representa a purificação e corrente energética divina que alimenta e reequilibra os seres, dando continuidade à procriação e à vida. Podemos utilizar a água de varias maneiras, obedecendo sempre à determinação do Trono Regente, para seu uso correto e propósito.

A água flui a corrente elétrica divina, gerando nela a energia da vida, por onde é conduzida. Quando imantada ou fluidificada, seu poder gerador se expande, ampliando a força de suas correntes elétricas, unindo-as a outros elementos, como sais, ervas e pedras.
Quando bebemos água imantada ou fluidificada, ela corre pela corrente sanguínea, passando uma energia azul-celeste por toda a pessoa, revitalizando a aura que, por segundos, fica com a primeira camada na cor de azul neon. Essa água, ao ser ingerida, começa a regenerar os órgãos energeticamente deficientes. Ela percorre todo o cérebro, indo ate a glândula pineal, onde inicia um processo de aceleração que envia e devolve automaticamente ondas de comando ao cérebro  Ela manda uma intensidade maior de ondas para as partes deficientes do órgão  realizando um processo de limpeza que vai de dentro para fora. Isso propicia á pessoa uma sensação de paz, leveza e bem estar, pois a água coleta “resíduos” energéticos que são eliminadas através da urina e das fezes.
Como banho, limpa, vitaliza e reequilibra o ser. Quando a água imantada ou fluidificada é utilizada para banhos e rituais com ervas, limpa as camadas da aura e, ao chegar a primeira delas, vai alinhando a energia de toda a aura da pessoa, deixando essas camadas equilibradas e harmônicas. Esse processo se inicia na coroa (cabeça) passando por toda a coluna (espinha dorsal) e descarregando (na altura dos joelhos), como um para-raios no chacra básico  jogando essa energia para a terra.
Na materialidade, beber quantidades adequadas de água diariamente promove o equilíbrio orgânico, facilitando o trabalho das glândulas supra renais e dos rins, que passam a eliminar as substancias não aproveitadas pelo organismo, evitando que toxinas se acumulem no corpo, podendo trazer algum tipo de anomalia ou doença, em certo espaço de tempo.
É um meio de cura ou harmonização para o corpo, a mente, a alma, o espirito, as emoções; é um modo importante de se manter a saúde, pois:
* É a melhor bebida para a sede, além de promover o equilíbrio entre as substancias úteis e bem aproveitadas pelo organismo e as toxinas que devem ser eliminadas.
* É remédio para acalmar nervos abalados: bebe-se água com açúcar.
* É grande elemento relaxante: tomar uma ducha de água fria ou quente; nadar para tirar as tensões; ouvir o barulho das águas correntes de um rio, as quedas de uma cachoeira; ouvir as ondas do amor ou dormir com o barulho gostoso de chuva caindo no telhado.
Fonte: Livro Manual Doutrinário, Ritualístico e Comportamental Umbandista
Coordenação de Lurdes de Campos Vieira e Supervisão de Rubens Saraceni

A Cambone



 

Fonte: Terreiro Pai Maneco
Cambone é uma atividade exercida nos terreiros de Umbanda e que merece uma atenção especial dada a sua importância como auxiliar das entidades, dos médiuns e dos dirigentes do Terreiro.
Como auxiliar das entidades, cabe ao cambone ser o interprete da mensagem entre a entidade e o consulente, além de um defensor da entidade e da integridade física do médium. Cabe a ele cuidar do material da entidade, orientar o que acontece em sua volta e também ajudar o entendimento do consulente, pois a linguagem do espírito nem sempre é entendida, mas ao cambone fica claro já pela sua intimidade com o comportamento do espírito que ele serve.
Por outro lado a posição do cambone nem sempre é confortável pois algumas vezes cabe a ele fiscalizar também o comportamento da entidade que, se por uma razão ou outra, fugir da normalidade deve imediatamente avisar a direção do terreiro. O limite da intimidade do consulente com o espírito ou o médium deve ser fiscalizado pelo cambone para evitar mal entendidos e desajustes de informações. Finalmente ao cambone é dada uma oportunidade especial de conhecer mais a Umbanda e a forma das entidades trabalharem porque seu contato é direto. Como o cambone tem como obrigação ouvir o que o espírito ouve e fala, seu conhecimento, em cada consulta, aumenta consideravelmente.


Funções

£  Servir a entidade e ao médium
£  Colaborar material e espiritualmente com o médium e com a entidade, antes, durante e depois do trabalho.
£  Orientar o consulente quando não entende, banhos, entregas, novas consultas, vibrações e o que for necessário.
£  Prestar muita atenção na consulta, para não ser infringida nenhuma regra ou regulamento da casa, e notando alguma anormalidade deve ser comunicado a chefe de cambone ou à hierarquia e, conforme o caso, o pai-de-santo.
£  Deve apresentar honestidade e sigilo absoluto, não devendo nunca contar a ninguém o teor das consultas.
£  Não pode incorporar quando está atendendo a uma entidade, exceto quando autorizado pela entidade a quem estiver servindo.


Antes e durante os trabalhos:

£  Levar todo material da entidade para seu respectivo lugar no terreiro (pemba, velas, ponteiros, bebida, fósforo, tabua, charutos, palheiros, cigarros, ervas, e eventuais outros materiais)
£  Servir a  entidade em tudo que ela precisar.
£  Não deixar de ouvir, mesmo que por solicitação do consulente, as consultas feitas às entidades e as respostas por elas dadas. Em caso de determinação da entidade para se afastar durante uma consulta, avisar imediatamente o pai-de-santo ou a entidade que nele estiver incorporada.
£  Durante a vibração, ficar atento à entidade e ao trabalho que ela realiza, sem contudo ser necessário ficar ao lado da entidade, a não ser que a mesma solicite.
£  Autorizado o atendimento, enquanto risca o ponto e firma seu trabalho, fornecendo-lhe os materiais necessários.
£  Conversar com a entidade quanto ao numero de consultas e o tempo disponível, sendo que ele não pode dizer para a/o consulente.

Após os atendimentos:

£  Conversar com a entidade, pedindo orientações quanto ao destino das sobras de material utilizado.
£  Levantar o ponto riscado da seguinte forma: retirar ponteiros, velas e outros materiais do ponto, e jogar cachaça sobre o ponto riscado, em forma de cruz, e com as mãos, apagar o ponto riscado. Depois pode retirar do local e limpar na torneira da pia com água.
£  Guardar e recolher o material, deixando o local limpo.


Orientações gerais:

£  Ao se locomover pelo ambiente do ritual não furar nem costurar a corrente, evitando bater nos médiuns.
£  Ao afastar-se da função, seja por um período ou não, auxiliar o novo cambone, passando orientações a respeito do trabalho com as entidades.
£  Não aproveitar-se da função para fazer consultas em nome de parentes, amigos, sobrecarregando o trabalho das entidades.
£  Não manter diálogo com  assistência.
£  Qualquer dificuldade em orientar os consulentes, pedir auxilio a hierarquia
£  Não atrapalhar o encerramento dos trabalhos levantando o ponto ou guardando os materiais.
£  Durante a abertura e encerramento dos trabalhos, todos devem estar na corrente.


Cambones:

£  Servir também é um aprendizado.
£  O trabalho do cambone  é tão importante quanto ao do médium e entidade.
£  A responsabilidade mediúnica do cambone é tão importante quanto a de qualquer outro médium.
£  O médium que camboneia, não atrapalha seu desenvolvimento. A experiência como cambone lhe é importantíssima no aprendizado.
£  Orientar a entidade quanto aos cuidados com o médium.
£  Avisar de qualquer situação constrangedora a hierarquia.
Levantar o perfil das entidades, visto que quem esta de fora, tem maior percepção e entendimento da entidade.

Datas Comemorativas





















20/01
Oxóssi – Orixá da caça, da busca e do conhecimento que habita nas matas. Elemento vegetal, ponto de força nas Matas. Dia de São Sebastião
23/04
Ogum – Orixá guerreiro, aquele que “quebra” demandas e abre caminhos com sua ordenação militar. Elemento Ar, ponto de força nos caminhos.Dia de São Jorge
24/05
Sta. Sara Kalí – Padroeira dos Ciganos - pode sincretizar com Egunitá
30/05
Obá – Orixá feminino de força e concentração, ajuda a dar determinação e conhecimento. Guerreira que também tem sua ligação com as matas e o elemento terra, ponto de força em contato com a terra próximo as matas. Dia de Joana DÁrc
24/06
Xangô – Orixá da Justiça dos raios e equilíbrio. Rege o elemento fogo, ponto de força pedreiras e montanhas. Dia de São João
26/07
Nanã Buroquê – Orixá da sabedoria da calma e evolução, é considerada a mais velha, como uma avó. Elemento água e terra, ponto de força nos lagos. Dia de Santa Ana
16/08
Obaluayê – Orixá ancião da cura, sabedoria e evolução, senhor das passagens. Dia de São Roque
24/08
Oxumaré – Orixá do arco íris, amor e renovação, simbolizado por uma serpente.Dia de São Bartolomeu
27/09
Cosme e Damião – Dia em que se comemora a presença das crianças na Umbanda.
12/10
Oxum – Trono do amor. Elemento mineral e aquático, ponto de força nas cachoeiras. Dia de Nossa Senhora Aparecida
02/11
Omulú – Orixá ancião da terra, dos términos e da morte, também trás aspectos de cura como o “fim” da doença, ponto de força no cemitério e no mar. Dia de Finados
15/11
Dia da Umbanda. (15/11/1908 Zélio Fernandino de Moraes incorpora pela primeira vez o caboclo das sete encruzilhadas. O que é considerada a primeira manifestação pura de Umbanda)
04/12
Iansã – Orixá guerreira e da justiça, portadora de espada e direcionadora das situações. Elemento ar, ponto de força nas pedreiras. Dia de Santa Bárbara
08/12
Yemanjá – Orixá Mãe de todos, aspectos maternais, geradores e criativos. Elemento água, ponto de força no mar. Dia de Nossa Senhora da Conceição
25/12
Oxalá –Orixá da fé, da paz e da pureza (alvura).  Tem seu ponto de força em campos abertos, mirantes e todos os lugares que possa se sentir sua paz.Natal